domingo, 18 de março de 2012

Um poeta no meio do caminho!


Um Poeta no meio do caminho...

Carlos Drummond de Andrade um poeta Mineiro nasceu em Itabira em 1902, viveu em uma fazenda chamada de fazenda Pontui que hoje é um museu . Publicou em Itabira um poema chamado Confidência do Itabirano Homenagem a sua cidade natal:

                                 
Alguns anos vivi em Itabira.

 Principalmente nasci em Itabira.
Por isso sou triste, orgulhoso: de ferro.
Noventa por cento de ferro nas calçadas.
Oitenta por cento de ferro nas almas.
E esse alheamento do que na vida é porosidade e comunicação.

A vontade de amar, que me paralisa o trabalho,
vem de Itabira, de suas noites brancas, sem mulheres e sem horizontes.
E o hábito de sofrer, que tanto me diverte,
é doce herança itabirana.

De Itabira trouxe prendas que ora te ofereço:
este São Benedito do velho santeiro Alfredo Duval;
este couro de anta, estendido no sofá da sala de visitas;
este orgulho, esta cabeça baixa...

Tive ouro, tive gado, tive fazendas.
Hoje sou funcionário público.
Itabira é apenas uma fotografia na parede.
Mas como dói!


Em Belo horizonte teve sua atuação como funcionário público, foi redator no "Minas Gerais" (órgão oficial do Estado),também criou "A Revista" com outros escritores que apesar da vida breve, foi importante veículo de afirmação do modernismo em Minas.
Em homenagem a  BH criou o poema Praça da Estação:



A Praça da Estação de Belo Horizonte
Carlos Drummond de Andrade

Duas vezes a conheci: antes e depois das rosas.
Era a mesma praça, com a mesma dignidade,
O mesmo recado para os forasteiros: esta cidade é uma
promessa de conhecimento, talvez de amor.
A segunda Estação, inaugurada por Epitácio,
O monumento de Starace, encomendado por Antônio Carlos
São feios? São belos?
São linhas de um rosto, marcas da vida.
A praça da entrada de Belo Horizonte,
Mesmo esquecida, mesmo abandonada pelos poderes públicos,
Conta pra gente uma história pioneira.
De homens antigos criando realidades novas.
É uma praça - forma de permanência no tempo.
E merece respeito.
Agora querem levar para lá o metrô de superfície.
Querem mascarar a memória urbana, alma da cidade
Num de seus pontos sensíveis e visíveis.
Esvoaça crocitante sobre a praça da Estação
O Metrobel decibel a granel sem quartel
Planejadores oficiais insistem em fazer de Belo Horizonte
Linda, linda, linda de embalar saudade
Mais uma triste anticidade.



No Rio De Janeiro suas obras aumentaram : Em 1940 Publica"Sentimento do Mundo", em 1942 a Livraria José Olympio Editora publica "Poesias". Em 1943 traduz e publica a obra Thérèse Desqueyroux, de François Mauriac, sob o título de "Uma gota de veneno".  Em 1944 publica "Confissões de Minas". Em 1945 publica "A Rosa do Povo" pela José Olympio e a novela "O Gerente". 

O poeta morre 12 dias apos filha , de problemas cárdicos ,foi enterrado no mesmo tumulo que ela.É homenageado pela escola de samba Estação Primeira de Mangueira, com o samba enredo "No reino das palavras", que vence o Carnaval em 87. 







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